quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Acasos


Entrei dentro de um ônibus qualquer, e ouvi ele a chamando de doce, falando que ela era linda, pedindo para lhe dar um beijo, eu senti um amor, eu senti no momento em que ele desceu largou sua bolsa de viagem e com as mãos mandou um beijo e acenou para ela do lado de fora. Eu sei que eles se amaram por alguns minutos, muito mais do que uma vida toda, quem vai saber? Eu vi seus olhos azuis brilhando quando ela o deixou dar um beijo em seu rosto, e seus olhos brilharam ainda mais quando ela o beijou. Eles não estavam incomodados com a presença das outras pessoas, falavam alto e sorriam, como se só os dois estivessem ali naquele momento, como se o mundo fosse só deles e de mais ninguém.
Senti uma dor dentro do peito, eu queria aquele amor, só por alguns minutos, só por alguma felicidade. No começo senti vergonha de desejar estar no lugar dela, mas depois eu desejava sentir o mesmo com ainda mais intensidade, eu só queria viver algo mágico, algo parecido com aquele amor repentino.

Imagine, você pega um ônibus qualquer, com pessoas que talvez você nunca tenha visto, e aquela pessoa senta ao seu lado, e em alguns minutos você deseja que seu destino não chegue mais, você tem vontade pedir pra que o ônibus continue andando em círculos, só pra poder continuar a conversar, a sorrir. Acho que era isso que eles realmente desejavam. Senti quando ele levantou do lado dela, ele não queria ir, ele queria continuar ao seu lado. Vai saber o que o esperava longe daquele lugar, vai saber se aquele lugar foi onde ele foi mais amado durante uma vida inteira, quem vai saber, quem?
Eu ainda consegui perceber eles trocando seus e-mails, bingo. Senti uma felicidade enorme, que mal conseguia esconder dentro de mim. Tive vontade levantar e aplaudir, e pedir pra que eles não perdessem aqueles benditos papeizinhos, senti vontade implorar pra que eles não se perdessem um do outro, juro que senti.
Eu nunca vou esquecer daqueles olhos azuis que brilhavam ao ganhar um beijo suave, eu nunca vou esquecer aquela gargalhada um tanto tímida, eu nunca vou esquecer porque eu senti o amor, e eu sei que mesmo que eles nunca mais voltem a se encontrar, ambos foram pra suas casas sentindo o mesmo que eu, acreditando que o amor ainda existe, e ele pode estar na próxima parada, no próximo banco, no próximo ônibus. Ele pode durar uma vida toda, ou algumas horas, mas ele existe, e eu quero agradecer pela oportunidade de poder o ver e sentir. Obrigada amor, obrigada por me fazer acreditar em você mais uma vez!

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